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OBS: Mesmo grupo que promove a Agrishow e outras feiras pelo mundo.

Jornalista: Leonardo Gottems

Pauta: mercado de fertilizantes especiais no Brasil, desempenho do setor no ano passado e projeção de perspectivas.

Porta-voz: Ithamar Prada, vice-presidente de Marketing e Inovação da ICL

ENTREVISTA

 Como analisa o momento do mercado de fertilizantes especiais no Brasil?
Os fertilizantes especiais são produtos que apresentam em sua formulação alguma característica adicional que os diferenciam dos fertilizantes convencionais, promovendo melhor desempenho, estabilidade, eficiência ou facilidade de manejo. Abrangem uma classe de inclui tratamentos de sementes, produtos para nutrição foliar, biofertilizantes e fertilizantes de eficiência aprimorada. Na agricultura brasileira, as principais culturas que os adotam são soja, milho, café, algodão, feijão, cana, hortaliças e frutíferas. Em razão dos resultados obtidos com seu uso, as vendas de fertilizantes especiais vem crescendo ano a ano. Segundo a Abisolo, a entidade que representa o setor, em 2020, atingiu R$ 10,1 bilhões. Para 2021, o crescimento estimado era de 24% (na primeira semana de junho a Abisolo divulgará os dados oficiais de 2021).

Como foi o desempenho do setor no ano passado?
2021 foi um ano mais estável que 2020, apesar da alta do dólar. Um período similar ao que vivemos hoje, no qual a agricultura foi um dos setores menos afetados em um período ainda de pandemia, mas que contou com a elevação de custos de matérias-primas, que vieram se estendendo na segunda metade do ano, e impactaram na cadeia de fertilizantes. Em contrapartida aos custos, foi um ano no qual os produtores investiram no uso de tecnologia em fertilizantes e nutrição especial, visando a maximizar produtividade e rentabilidade para aproveitar também o bom valor das commodities agrícolas.

O que é esperado para esse ano, bem como no médio prazo?
A instabilidade geopolítica que vivemos em uma região grande produtora de matérias-primas para a indústria de fertilizantes afeta a disponibilidade de produtos e custos de produção. O momento traz desafios para toda a cadeia.
Os fertilizantes e produtos para nutrição de plantas são essenciais para altas produtividades e rentabilidade. Neste período, o produtor deverá olhar para a expectativa de produtividade que tem, o nível de tecnologia que adota, qual o volume de receita que consegue gerar dentro dos patamares de preços e commodities que produz e fazer a sua matemática, visando adquirir os insumos para a próxima safra.
Independentemente da situação em 2022, buscar o aumento da eficiência de nutrientes é algo que deve ser visto como estratégia permanente por cada agricultor ou consultor. Isso é feito por meio de uma combinação de manejo adequado dos fertilizantes e das culturas. A necessidade de usar fertilizantes de forma adequada é algo que vai perdurar daqui para frente, não só pelos aspectos de rentabilidade do negócio e disponibilidade de matérias-primas, mas pela necessidade cada vez maior de cumprirmos uma agenda ambiental, sustentável, positiva.
Dessa forma, o aumento da eficiência no uso de fertilizantes é realmente uma obrigatoriedade para o setor. Nós, como uma companhia voltada à inovação, pesquisa e ao desenvolvimento, apoiamos o produtor nas melhores tomadas de decisão para que ele possa tirar o máximo de cada fertilizante investido e aplicado.

Quais são os produtos mais utilizados e bem assimilados pelo agricultor brasileiro?
É complexo apontar uma categoria de produto, pois o Brasil é um país de dimensões continentais com realidades de clima, solo, culturas e perfil tecnológico muito diferentes. Via de regra, os produtores brasileiros buscam performance, retorno econômico e produtos que tenham respaldo da pesquisa. Podemos citar os fertilizantes de eficiência aprimorada, nutrição foliar e bioestimulantes como produtos bem assimilados pelo mercado.

Quais produtos ainda têm espaço para crescer nesse mercado?
O aumento na eficiência de uso dos nutrientes é uma das agendas mais importantes do setor de nutrição especial, que desenvolve produtos buscando o aumento de performance de maneira que o produtor potencialize suas colheitas com o uso dos nutrientes no local, fonte e época adequados. Na ICL, todo o desenvolvimento de tecnologia tem a missão de aliar aspectos da produção agropecuária com sustentabilidade.
O desenvolvimento de tecnologias em nutrição de plantas visa ao aumento da eficiência dos nutrientes, reduzindo as perdas no sistema solo-planta-atmosfera. Um exemplo é o uso de fertilizantes de liberação controlada, que reduzem significativamente as perdas no processo, gerando aumento de produtividade, ganhos ambientais e operacionais, pela menor necessidade de parcelamento da adubação. Para a nutrição via sementes e foliar, o entendimento é o desenvolvimento de produtos baseados em fontes que potencializem a biodisponibilidade dos nutrientes e, assim, os resultados dos produtores rurais.

Quais são as maiores deficiências nutricionais nas principais regiões agrícolas brasileiras?
O Brasil é um país de dimensões continentais, com uma ampla variação de tipos de solos, bem como uma diversidade de combinações de manejo agrícola, portanto é complexo apontar uma deficiência nutricional predominante. Vale destacar nos micronutrientes a deficiência de Boro em larga extensão, porém com diversas áreas com deficiência de Zinco, Cobre e Manganês. Já nos macronutrientes secundários é comum encontrar áreas deficientes em Enxofre e Magnésio. Não apenas os fatores ligados a fertilidade do solo, mas também o incremento da produtividade e o cultivo de mais de uma safra por ano ampliam a necessidade dos nutrientes de maneira geral em função do maior consumo para suportar o incremento na produção em uma mesma área.

Como caracteriza as empresas que atuam no Brasil nesse segmento? São dedicadas especialmente a isso, ou é apenas mais um item do portfólio?
O trabalho da comunidade acadêmica, dos consultores e das próprias empresas no desenvolvimento de pesquisas a campo têm impulsionado a adoção de tecnologias. Os produtores de maior tecnologia são os primeiros a adotar os fertilizantes especiais. Com os resultados apresentados no campo, outros agricultores acabam os adotando.

Como avalia a produção nacional desses insumos especiais?
A produção nacional é importante para o segmento, permitindo proximidade, competitividade e o desenvolvimento de soluções focadas na realidade do produtor local. Vale ressaltar que, mesmo quando falamos em produção nacional, temos de considerar a necessidade de alguns minerais e outras matérias-primas importadas ao longo da cadeia. Portanto, mesmo com produção nacional, estamos em um mercado dinâmico impactado por variações cambiais, disponibilidade e outros temas de amplitude global.

O brasileiro compra mais de empresas nacionais ou busca os importados?
O produtor brasileiro compra de empresas que lhe passam segurança. Neste sentido, estar posicionado como uma companhia completa, com desenvolvimento, produção, administração e vendas localmente é um fator importante.

Haverá uma migração em massa dos fertilizantes convencionais para os especiais, ainda mais com a crise de suprimento atual?
Os produtores de maior tecnologia são os primeiros a adotar os fertilizantes especiais. Com os resultados apresentados no campo, outros agricultores acabam os adotando. Entendemos que o trabalho da comunidade acadêmica, dos consultores e das próprias empresas no desenvolvimento de pesquisas a campo têm impulsionado a adoção dessas tecnologias. Fica difícil apontar uma migração em massa, mas, certamente, há uma tendência contínua de substituição, por necessidade de aumento de performance associado à sustentabilidade. Vemos esse movimento como uma tendência que independe de crises globais.

Sobre Ithamar Prada
Nascido em Limeira (SP), é formado em Engenharia Agronômica pela Esalq / USP (2003) e mestre em Agronomia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Na ICL América do Sul, como diretor sênior de Marketing e Inovação, é responsável pelas áreas de Gerência de Produto, Acesso ao Mercado, Inteligência de Mercado, Comunicação, Pesquisa e Desenvolvimento e Desenvolvimento Agronômico.
Prada iniciou sua trajetória profissional na Bunge Fertilizantes, foi professor em cursos de graduação e pós-graduação de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) e coordenador do curso de Agronomia. Além disso, consultor técnico da Associação para Pesquisas Agrícolas (APPA), grupo formado por produtores rurais do Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Em 2010, ingressou na ICL América do Sul, com passagens na área de Desenvolvimento Técnico, Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing com atuação no Brasil e nos Estados Unidos.

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